Extrema Unção do Poeta
Reparaste que a visão está turva?
A imagem do tempo não acovarda
certezas diante da inóspita curva
Duma mente que não mais acorda.
No início do fim a palidez é reta
misturada ao amarelo do adoecer
É cedo ou tarde: verdade concreta!
O corpo decreta que irá padecer.
Não verso os meus versos no final
Afinal, são tantos anos escrevendo
que ao escrever perco signo e sinal
Desconheço o que está acontecendo.
Peço encarecidamente ao plenilúnio
que não descarte o desejo que fulcro
Não vejo a morte como infortúnio
Desejo apenas a paz do meu sepulcro.