Extrema Unção do Poeta

Reparaste que a visão está turva?

A imagem do tempo não acovarda

certezas diante da inóspita curva

Duma mente que não mais acorda.

No início do fim a palidez é reta

misturada ao amarelo do adoecer

É cedo ou tarde: verdade concreta!

O corpo decreta que irá padecer.

Não verso os meus versos no final

Afinal, são tantos anos escrevendo

que ao escrever perco signo e sinal

Desconheço o que está acontecendo.

Peço encarecidamente ao plenilúnio

que não descarte o desejo que fulcro

Não vejo a morte como infortúnio

Desejo apenas a paz do meu sepulcro.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 15/04/2016
Código do texto: T5605924
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