Espinho

Sensações obscuras abrem os poros da minha mente, me inspiram

Alguns poetas nascem da rosa

Eu nasci do espinho

Alguns poetas iluminam

Eu preciso de outro caminho

Sou alma que se alimenta de desilusão

Sou alma que se excita com ausência

Sou alma que se hidrata com suas lágrimas de dor

E espero nunca descobrir o que me leva ao êxtase

Se sou espinho posso precisar cravar-me em sua carne para sentir prazer

Sensações ambíguas fazem tremer meus dedos inquietos, me tragam

Alguns poetas se voltam para a Lua

Eu sou filha do Eclipse

Tantas poesias respiram amor

Eu transpiro veneno e minha voz é rouca

Minha arte é trêmula mas navega em sinceridade

Não sou resposta, não é isso que almejo

Sou fagulha, sou chama que lambe os cantos da mente e provoca

Sou quase impossível, num contexto de passos limitados

Vou deixar-lhe a lamber os dedos empapados de sangue

Sou espinho, eu corto para ver a pele cicatrizar

Exponho as fraquezas para encontrar a força que existe por trás

Não é a beleza que me inspira

É o potencial que existe no que é feio

Não preciso do pronto, do mimado, do idolatrado

Quero o louco, o esquecido, o subestimado

Alguns poetas se satisfazem do belo

Eu sou espinho, eu quero o resto