Banquete

Convidou-me a um banquete o Rei dos Demônios

Com seu melhor sorriso no rosto estampado

(Ou talvez, o único sorriso que lhe foi legado)

Em seu palácio de paredes obscuras

Com sua rica prataria amaldiçoada

Suas mãos tocando-me a coxa e as espáduas

Irrecusável Rei dos Demônios

Encarando-me com seus olhos enegrecidos

O único que põe de joelhos a Rainha Vampira

O único que seus truques não podem controlar

O único de quem deveria se afastar

O único a quem deseja inteira se entregar

Aceito teu convite, meu Rei

(Como estava escrito desde a primeira página)

Farta-me com teus banquetes

Faz-me beber em cálice o sangue de tuas vítimas suplicantes

Mas é por teu beijo que suplicam minhas entranhas

Por teu corpo no meu, mesclando dor e prazer

Envenena-me com o líquido que te escorre pela pele

Toma-me em teus braços, sussurra-me doces maldições aos ouvidos

Arranca-me o linho negro que vesti com esmero

Bagunça-me os cabelos, sabes bem o que eu quero

Reivindica a Rainha amaldiçoada que sempre te pertenceu

Meu corpo, minhas palavras, meu desejo é só teu

Mostra-me por completo quem és, não te temo

Tomo tua mão na minha e sinto que me pressionas contra algo frio

Nem mesmo o fogo mais quente do Inferno

Arde feito a chama do meu amor eterno

Minha alma se arrisca a nunca mais deixar este quarto

Mas se chamas por mim, nunca mais parto

Convidou-me a um banquete o Rei dos Demônios

Embriagou-me do mais grosso sangue

Apresentou-me cada canto de seu palácio infernal

Tomou-me para si, profano e carnal

Obscuro flerte, descuido fatal

Seu mundo agora, meu eterno lar

Do seu feitiço febril, não quero despertar

Ama-me feito demônio, feito lava em erupção

Ergue-me em êxtase, faz-me sucumbir em paixão

Tua Rainha Vampira te deseja

As consequências, não importa quais sejam

Entrei em seu mundo já inebriada

Sabendo que, desde o início, estava condenada