PAIXÃO ALÉM DA VIDA
Desde muito jovenzinhos,
Já sentiam um calorzinho
Bem ali, entre as pernas,
Ao trocarem palavras e caricias ternas...
Os dois eram quase vizinhos.
Viviam abraçados, sempre grudados,
Aqueles dois apaixonados...
Eram um casal afogueado.
Acabou dando noivado
E casamento... Era o esperado.
Mesmo após muito tempo de casados,
Continuavam com fogo... Assanhados...
Filhos não os tiveram,
Mas a danada daquela paixão
Era motivo de geral falação.
Sempre enamorados ficaram idosos,
Mas à noite, libidinosos,
Era tanta animação naquele colchão,
Que ele não pode resistir
A um ataque fulminante do coração.
Quando ele se foi, ela se entristeceu
E em prantos, se deixou definhar,
Até que um dia não mais amanheceu.
A vizinhança se pôs a lamentar.
No fundo, eram um casal de se invejar.
Nas noites de lua cheia,
Depois de meia noite e meia,
Ouviam-se ruídos vindos do cemitério.
Foram enterrados no mesmo jazigo
E isto explicava o mistério.
O que se ouvia era o roçar dos ossos,
Para o espanto e arrepio nossos,
Dos esqueletos daquele ardente casal...
Tão apaixonados eram, que seu amor era imortal.
Sob a lápide, se amavam como antes... Tal qual.