Angelus Mortis

"Agora, sim! Vamos morrer, reunidos'

Augusto dos Anjos

Teus crânios lacrimosos

Que hão de estripar o horror,

Profundos e horrorosos,

Que é um célebre negror.

Verás que os ossos raros

São uma sânie imunda,

Criptas, feições e faros

Com larvas más, afunda.

É o bicho que te come!

Em pele devorada,

Como o desejo e a fome,

A carne alimentada.

Podes jazer em paz,

Que na cova hás chorado...

Quando a feição te traz

Entre um afago amado.

Doiras nos olhos puros

Que eles já sangram tanto...

Pingar, chorar... Que duros

Ainda são, triste pranto.

É o Anjo da Morte, é o mal

Ouve os encantos vis,

Ceifar, mas é fatal,

Torna-te o Angelus Mortis.

Com o terror dos Pântanos

Que em podridões tu corres

Quem tens um medo, espanta-nos!

Irás no além dos torres?

Dá-te pavor, feição...

Ó sangue do escarlate

Horrível, é a obsessão!

Que te olhe e até te mate.

Terás que ainda dormir,

Em teu enterro, adeus,

Que nunca queres vir

Somente a alma dos véus.

Lucas Munhoz

(23/01/2015)

Lucasmunhoz
Enviado por Lucasmunhoz em 23/01/2016
Reeditado em 12/02/2017
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