Angelus Mortis
"Agora, sim! Vamos morrer, reunidos'
Augusto dos Anjos
Teus crânios lacrimosos
Que hão de estripar o horror,
Profundos e horrorosos,
Que é um célebre negror.
Verás que os ossos raros
São uma sânie imunda,
Criptas, feições e faros
Com larvas más, afunda.
É o bicho que te come!
Em pele devorada,
Como o desejo e a fome,
A carne alimentada.
Podes jazer em paz,
Que na cova hás chorado...
Quando a feição te traz
Entre um afago amado.
Doiras nos olhos puros
Que eles já sangram tanto...
Pingar, chorar... Que duros
Ainda são, triste pranto.
É o Anjo da Morte, é o mal
Ouve os encantos vis,
Ceifar, mas é fatal,
Torna-te o Angelus Mortis.
Com o terror dos Pântanos
Que em podridões tu corres
Quem tens um medo, espanta-nos!
Irás no além dos torres?
Dá-te pavor, feição...
Ó sangue do escarlate
Horrível, é a obsessão!
Que te olhe e até te mate.
Terás que ainda dormir,
Em teu enterro, adeus,
Que nunca queres vir
Somente a alma dos véus.
Lucas Munhoz
(23/01/2015)