Um Silêncio Estranho

Eu desafio o silêncio

Em anteparos e entusiasmos

E afio a ira da existência

No cio inorgânico dos orgasmos

E nos hiatos da oniciência.

Viajo na boca do estômago

A desovar pecados nas gastrites

E ajo na dissidência do âmago

Que tornam ulcerações tristes

No reinado: umbra et imago.

Do meu maior medo eu não falo

Claustrofobicamente dissociado

Eu prefiro o odor bizarro do ralo

Do que morrer intercalado

Entre o êxtase e seu infame abalo.

Deixo ciente

A absolvição do universo

Eu, mísero e austero cliente

No proveito do extremo inverso

D'onde não mais habito emergente.

Sim, sou um demoníaco insurgente

Mergulhado no láudano da certeza

A abraçar na viuvez intermitente

Que me deixa numa torpeza

Infinitamente decadente.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 23/01/2016
Código do texto: T5520624
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