Um Silêncio Estranho
Eu desafio o silêncio
Em anteparos e entusiasmos
E afio a ira da existência
No cio inorgânico dos orgasmos
E nos hiatos da oniciência.
Viajo na boca do estômago
A desovar pecados nas gastrites
E ajo na dissidência do âmago
Que tornam ulcerações tristes
No reinado: umbra et imago.
Do meu maior medo eu não falo
Claustrofobicamente dissociado
Eu prefiro o odor bizarro do ralo
Do que morrer intercalado
Entre o êxtase e seu infame abalo.
Deixo ciente
A absolvição do universo
Eu, mísero e austero cliente
No proveito do extremo inverso
D'onde não mais habito emergente.
Sim, sou um demoníaco insurgente
Mergulhado no láudano da certeza
A abraçar na viuvez intermitente
Que me deixa numa torpeza
Infinitamente decadente.