A musa eterna (Para Pedro Mohallem)

À sua musa Melissa (In Memoriam)

Em soluço da dor que sangra e morre

Com a pele sangrenta...

Que ao pavor da tristeza, dói-me tanto!...

Mas a mão acalenta.

O acalanto do amor, o beijo em ossos,

Quem pranteias em sangue,

Tristemente, na cova de uma sânie,

Que essa víscera zangue.

Foi-te embora, querida, infelizmente...

Já dormias sem olhos,

Eras mui fedorenta sobre o olhar

Do fedor, sem escolhos.

Buscarei-te na carne moribunda,

Dou-te o beijo na testa,

Vais chorar nos insetos meio mórbidos,

Quando o choro inda presta.

Mais que o horror fedorento da mandíbula!

És um velho esqueleto,

Mas descansas em paz, corrói-me o pranto...

Nós perdemos o afeto.

Que me escutes, amor, escuta tanto:

"Quero amar puramente!

Chora assim em além dos bichos sujos,

Porque a falta nos sente."

Olha os íncolas tétricos quem choras!

Hás de ver os enterros,

Os horrores, as larvas e os caixões,

Esse pó dos desterros.

Que uma noite lamente eternamente,

É a tristeza da lua,

Musa, adeus, a saudade eterna, adeus...

Um enterro flutua.

Lucas Munhoz - (30/10/2015)

Lucasmunhoz
Enviado por Lucasmunhoz em 30/10/2015
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