Querida cova
Em uma cova funesta,
Quem há de amar a caveira
Nas suas mãos vermiformes,
Cuspe, na víscera inteira.
Por que lamenta deveras?!
Com os seus dentes sangrentos
De uma mandíbula imunda,
Sente os afãs fedorentos.
Bebe uma taça do sangue
Nos olhos meio vitais,
Com que deseje almejar
Esses pedaços fatais.
Sentindo o arfar moribundo
Quem voa as asas escuras...
A noite é bela e escurida,
Assiste às sânies impuras.
Mas, os enterros vos ouvem
Dentre os insetos famintos,
Dou-te a tristeza da dor,
Pranteia assim com instintos.
Quanto langor insofrível!
As nuvens da alma perversa
Assombra tanto no brilho,
Quem o fantasma conversa.
As podridões amorosas
Entre a delícia dos beijos,
Aqui é a morte que canta
Todos os belos desejos.
Quer almejar um negror
Que inda escurece esse céu,
Um lar das covas fedidas
Da carne humana no fel!
Tremendo as pernas sangrentas!
Os seus fedores malsões
Apenas fedem com corpo...
Que horror! Que más podridões!
Os esqueletos do encanto
Que arfaram mais sofrimento
À meia-noite, os enterros
Cantavam no escurimento.
Lucas Munhoz - (26/10/2015)