O Som Da Morte

O relógio já terá perdido a noção do tempo,

A chuva cai lá fora,

Como sempre caiu, sem vergonha.

Aqui no quarto, o silêncio.

Silêncio esse, que apenas é quebrado

Pelo som da morte,

O som da máquina que te mantém viva.

A tua face empalidece,

Assim como a tua vontade de viver.

O mesmo frio que me congela os ossos,

Congela-me as lágrimas

E nada é como dantes.

Eu sinto o teu inferno,

E receio que cada suspiro teu,

Seja o último.

O dia já não nasce,

Já nem me lembro da luz do sol.

A nossa escuridão não tem remédio

E nada mais há para ver.

A morte não se despede, enterra-se,

Cinza por cinza.

Mas o teu coração ainda vive,

Ainda se faz ouvir,

E se ele luta,

A vida não termina.

A vida só termina

Quando a morte começa.

Ezequiel Valadas
Enviado por Ezequiel Valadas em 13/10/2015
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