O Som Da Morte
O relógio já terá perdido a noção do tempo,
A chuva cai lá fora,
Como sempre caiu, sem vergonha.
Aqui no quarto, o silêncio.
Silêncio esse, que apenas é quebrado
Pelo som da morte,
O som da máquina que te mantém viva.
A tua face empalidece,
Assim como a tua vontade de viver.
O mesmo frio que me congela os ossos,
Congela-me as lágrimas
E nada é como dantes.
Eu sinto o teu inferno,
E receio que cada suspiro teu,
Seja o último.
O dia já não nasce,
Já nem me lembro da luz do sol.
A nossa escuridão não tem remédio
E nada mais há para ver.
A morte não se despede, enterra-se,
Cinza por cinza.
Mas o teu coração ainda vive,
Ainda se faz ouvir,
E se ele luta,
A vida não termina.
A vida só termina
Quando a morte começa.