Os doentios VIII
VIII
Versos a um esqueleto-verme,
Sou uma alma funérea e vermiforme,
Com meus olhos hidrópicos e inermes,
No túmulo carnívoro dos vermes
Que um homem mortalize e se transforme.
Oh dom da escuridão e do esqueleto,
Queres mortalizar o meu veneno?
Eu sou um deus-zumbi e sempre aceno!
Tu vês esse furor inda secreto.
És asco e mortalíssimo em goela
E olhos ígneos, sangrentos e nojentos,
Tens a putrefação dos sentimentos,
Que a maldita caveira sangra e anela.
Uma cruz do luzir em teus letreiros,
Transforma-te o cadáver das mortalhas
E dos sangues hidrópicos que valhas
A sofrer os horrores vis e inteiros.
Ah! Que a carne é feiosa, podre e humana!
Na visceralidade asca e sangrenta,
Como um frêmito horrível ensanguenta...
Que um horror do manjar nunca se dana.
Riste perversamente sem sorriso
E com molho brutal que vomitaste
Tudo macabramente em verme da haste,
Oh sangue violento, horrendo, liso!
Levanta-te, esqueleto informe e tísico,
A caveira do mal e do mistério
Com gosto do alimento mui funéreo,
És um monstro revel do Metafísico.
Além do coração malvado e obscuro,
Que ninguém examina o peito morto
Quem não dominarás um desconforto,
Que eu sinto a obscuridade e agora juro!
Autor: Lucas Munhoz - (15/09/2015)