Os doentios VII

VII

Ao cemitério,

Ah, Ceifeiro atreveu a me alegrar,

Por grande coração no cemitério

Com mundo medrosíssimo e funéreo,

Eu sempre amo morar num belo lar,

Durmo um leito perfeito e funerário

No corpo horripilante e sanguinário.

A treva, a escuridão e a perversão...

Vão-se a noite do fel com muitas covas,

Tu, que sempre sucumbes e até provas

A amizade da nova podridão,

Quem ela se transforma a podre humana,

Ó pele tenebrosa, velha e insana!

Quero a morte dos versos decompostos

Com sonetos funestos e bonitos,

Decomponho-me a pele sem conflitos

E com roupas escuras e bons gostos,

Os meus olhos vermelhos e trevosos,

Almejando os olhares tenebrosos.

Escuto a morbidez onde eu escrevo,

Ouço-a perfeitamente, adoro-a, vejo-a...

Amo a musa sombria, bela e boa,

Ela é bem vampiresca que eu atrevo,

Asas negras e más entre os poderes...

Voa rapidamente assim que queres.

Carniças do carinho e da alegria,

Como um cão da miséria decomposta

Quem cuidas com amor que o animal gosta,

Vais cuidar e afetar em todo o dia,

Os anjos do negror são mal vividos

E tenebrosamente bem morridos.

Êxtase do delírio, sombra e morte,

É a noite assombradora que escurece

Os túmulos das cruzes pela prece,

Um negror beatífico e até forte,

Com a face perversa que deleitas

As almas assombradas e perfeitas.

Uma alma pavorosa, negra e augusta,

Tu me assombras no grito que provocas

Os olhos assombrados para as tocas,

Ah que a treva adorada já degusta

O peito dos cadáveres e as cruzes,

Tua mão do luzir onde reluzes.

Mortos-vivos, carniças e zumbis,

Eu canto as podridões da morte eterna...

Que o enterro do negrume encanta e inferna,

Que sucumbes as preces muito vis,

Tudo é morto e maldito igual ao mal...

Como o lado funesto e funeral.

Autor: Lucas Munhoz - (13/09/2015)

Lucasmunhoz
Enviado por Lucasmunhoz em 13/09/2015
Reeditado em 13/09/2015
Código do texto: T5380658
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