Os doentios

I

Teme em mim dos instintos doentios,

Vês o odor que apodreces com enterro

Ao tremer puramente enquanto eu cerro,

Ó corpo vil dos fios!

Amo a sombra nas covas onde eu moro,

Quero ver os zumbis e a noite escura!

Que o mistério sucumbe e até murmura

Aos versos vis do coro.

Foi-se o horror dos olhares canibais

Que sentiste nas tripas decompostas,

Todo o choro... Sangraste a dor nas costas...

Que a nódoa sofre mais?!

Os momentos iníquos e as tristezas

Que se foram deveras entre as dores...

Com que tenhas chorado e sempre chores!

Tu nunca vês e prezas?

Bebe a taça do crânio moribundo

Entre os olhos sangrentos e molhados,

Os sabores malsões e o mal dos lados

No sangue atroz do fundo.

Horrorizas os braços putrefatos

Para os cabos da tripa na floresta,

Quando a mosca encontrar que ainda presta?

O odor sangrento e os tatos.

Tanta hebdômada triste e lamentada...

Olha o crânio do enterro que ele escarra,

Sangra e assusta na víscera bizarra,

Após a má noitada.

Aparece uma carne que ela molha

Totalmente sangrada, mole e feia,

Onde foges embora?... A mente enleia?!

Quem sangras muito a folha!

Casa mal-assombrada e tenebrosa!

O terror putrefeito e a carne morta

Com defunto malsão e mau, que importa?!

A noite é como a prosa.

Autor: Lucas Munhoz - (29/08/2015)

Lucasmunhoz
Enviado por Lucasmunhoz em 29/08/2015
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