O que me engole ...

[...]

chorei ao sentir a dor nas palavras

_ das que vazam sem trajetória

_ das que pulsam com a escória

senti repulsa. (...) senti revolta.

Mas gosto das coisas que me tocam

e do arrepio que me distende e até me sufoca

... então que essa dor seja eterna

e que dos meus olhos jamais sequem as lágrimas

... e que nada seja modesto

que as palavras sejam derradeiras

- que me apunhalem vez em quando

- que me apedrejem vez em tanto

- que sorva o mel que ainda invento

... pois a minha língua anda casta

às palavras tão incrédulas/

à minha própria sordidez/

autora desnaturada e mãe pária

dessa minha estupidez ...

(o que me engole...)

e vez em quando regurgito .

FAGNER - NOTURNO

Kathmandu
Enviado por Kathmandu em 11/08/2015
Reeditado em 11/08/2015
Código do texto: T5342272
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