Um fio trêmulo

Paro na frente do espelho

E sinto como se parte da minha alma estivesse quebrada

Sou uma caixinha de música

Que não serve ao seu propósito

Estou sangrando, perdida numa trilha de vidro

Em meus olhos, medo

Em minhas mãos, sangue

Em minha boca, vinho

Em minha alma, transe

Num labirinto de trevas onde brotam margaridas negras,

O som da lira inunda minha mente de agonia

Fui assombrada por um suspiro,

Caçada pelo momento

Não há fio de Ariadne, nem pedras coloridas

Não há caminho de volta no tempo

Respiro o perfume do lírio do campo

Como se nada pudesse me encantar mais

É como uma droga,

Ou pior, um veneno

Que me faz sangrar pelos olhos

Que me entorpece e, ácido,

Me mata de dentro pra fora

Daí vem a mim o desejo de cair

De me jogar ao vento, ao abraço da terra que me acolherá

Quero derramar minhas lágrimas sozinha

Sem que ninguém chore sobre meu corpo gelado

Para que eu possa me esvair em paz

Então eu me lanço sobre o vazio

Nos profundos momentos de desespero

Meus olhos me iludem, macabros

Me mostram imagens bonitas

Enquanto meus ossos se partem

Até que a mente não encontre os sentidos

Enquanto a alma exala o cheiro da morte

A esperança que resta não basta

Liga-se a mim por um fio trêmulo

Que assim como a minha vida,

A qualquer momento,

Irá se romper em silêncio

Ingrid Flores
Enviado por Ingrid Flores em 26/07/2015
Reeditado em 26/07/2015
Código do texto: T5324844
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.