VEM EM MEU MUNDO HABITAR
Ó adorável Leonor,
desta minha campa fria
ergo um brinde em teu louvor,
num clamor alegre dos meus sentimentos.
Teus dedos, que seguram a taça,
parecem o cálice que apresenta
a corola da rosa.
Bebe tu primeiro,
amada minha.
Em seguida, estende-me a taça.
O vinho tornou-se melhor que o néctar;
e é como se eu estivesse,
há muitos séculos,
sorvendo os teus beijos.
Agora, vem,
minha meiga Leonor,
conhecer meu mundo.
É um mundo onde jamais há aurora,
jamais há alvorecer.
É um vale inquietante
de folhagens mortas
e florestas assombradas.
É um lugar em que luz alguma cai do céu
e só existem noites e noites infindas.
Ó minha querida Leonor,
vem em seu mundo habitar.
Aqui, nada é sagrado ou pecado.