''Morada''
MORADA
O cemitério é minha morada
Onde estou preso
Observo o rosto assustado
Das crianças
Sempre olhando para os lados
Já a face dos idosos
Demonstram a certeza
De que a morte se aproxima
É possível sentir o mistério
No sorriso dos jovens
Está a intensidade
Poder viver
O toque das gotas de orvalho
Refrescando-lhe o rosto
O gosto doce do Sol
Queimando-lhe a pele
Mas, o que mais surpreende
É a amargura dos solitários
Que sentam-se com os olhos tristes
Fixos na felicidade alheia
Invejando poder sentir
O prazer de um doce amor
O medo os consome
O erro justifica
Estou em meu túmulo
Me declarando covarde
Por nunca sair de meu casulo
Que sempre me condenou
A ficar só
Revivi minha vida
Uma lágrima identificou
O que nunca disse
Recordei um amor que calei
Jamais será revelado
Este mesmo túmulo
o tornou calado
By Morphine Epiphany
(Cristiane V. de Farias)