Mundo Cinza e Pensamentos de Morte
Estou sentada em frente a uma lápide
Em um mundo cinza
Ao meu lado, está parada a Tristeza
Sussurrando todo o tipo de coisas malignas
Estou sentada em frente a uma lápide
Com uma lâmina dourada em minhas mãos
Pesando quanto vale minha vida
Repleta do mais negro arrependimento
Estou sentada em frente a uma lápide
Olhando para o epitáfio enquanto me sinto vazia
Lembrando pesarosamente que minha melhor metade se foi
Amaldiçoada por minhas próprias palavras
A chuva cai e me lembro de quando meu mundo desabou
Criei tantas ilusões que não soube lidar com a verdade
Criei tantas ilusões que o ódio e a loucura irromperam
Quando a mais bela de todas as máscaras
Tornou-se o rosto mais feio de todos os pesadelos
A Morte nunca me incomodou
A Saudade nunca me fez chorar
Olhei sempre para frente
Para o dia seguinte, para os vivos que ainda podia proteger
Mas agora a dor me consome
Porque eu te amo tanto, e te odeio tanto
E parece que não consigo viver sem você
A solidão acinzentada e o cheiro de morte me engolem
E a vida vai perdendo o sentido aos poucos
Como posso encontrar forças para seguir em frente
Se eu sei com uma certeza sufocante
Que ninguém jamais irá me amar?
Você partiu rápido demais
Assombrado pelas palavras exageradas que lancei
Não pude dizer adeus
Não tive chance de tentar explicar o inexplicável
Fiquei só com minhas mágoas e meus pecados
Que ninguém vai consolar, ninguém vai perdoar
A lâmina pende tentadora entre meus dedos
Indagando o que eu acharia
Do silêncio eterno na escuridão da morte
Porque eu daria minha vida para não sentir mais nada
Daria minha vida para sentir algo de verdade
Caminho lentamente para longe da lápide
Levando comigo as contradições que sobreviveram a você
A lâmina escorrega dos meus dedos
Caindo suavemente sobre a grama que beira o epitáfio
Não irei para o seu mundo escuro hoje
Levarei meu coração despedaçado adiante
Pois ainda preciso viver mais um dia