''Túmulo''
''TÚMULO''
Assentei-me no velho banco
Eram tempos gélidos
Congelavam os ossos
O instante do sossego traiçoeiro
O vento brando a invadir as narinas
Um leve sabor colossal
A grama rasteira martelava as têmporas
Em breves desvios silenciosos
Lírios íntimos,isolados
Deparar-me com o túmulo
O túmulo!
Apreensivo,meu estado mental
A lápide suntuosa
Na qual jaz a matéria
de algum amante
Antes proferiu o crisântemo
Contudo beija os vermes
Olhar caótico
Visão desastrosa
Penúria da necrose
Estertor desta carne
As tristes palavras do epitáfio
Inscrito em tal jazigo
Estupraram as lágrimas presas
Meu rosto exausto
As rugas habitantes de meu peito
Tilintaram no ventre
sendo expulsas deste útero
Um minucioso instante
Solidão e angústia
Confraternizavam
O derradeiro suspiro
Tépido e findo
Sentado no banco
Da formosa necrópole
A observar o jazigo
Morrer nos tempos gélidos
Conservando o sossego traiçoeiro
By Morphine Epiphany
(Cristiane V. de Farias)