SONHA
Já floresce a Lua entre as árvores,
nesta noite de abril.
Amada,
deixa aberta a janela
e que nela penetre
a branca magia do luar.
Amada,
dorme.
Dorme; e, quando na distância
cintilarem as estrelas, entrará em tua alcova o pálido amante,
desejoso de gozar da tua incólume beleza.
O meu corpo vem frio,
após tantas noites lúgubres, sinistras.
Quero matar minha morte com tua vida,
e cobrir meu frio com teu calor.
Já desponta a Lua em tua janela,
e a noite é azul.
Amada,
sonha.
Venho cheio de sede, querendo beber
os velozes veios de tuas veias,
vermelho manancial.
É meia-noite.
Amada,
sonha com teu macabro amante.
E, sonhando,
sentirás que este pálido ser te beija;
e arrepios virgens percorrerão tua pele alva,
com as carícias de mãos mortas.
Amada,
dorme e sonha.