SONHA

Já floresce a Lua entre as árvores,

nesta noite de abril.

Amada,

deixa aberta a janela

e que nela penetre

a branca magia do luar.

Amada,

dorme.

Dorme; e, quando na distância

cintilarem as estrelas, entrará em tua alcova o pálido amante,

desejoso de gozar da tua incólume beleza.

O meu corpo vem frio,

após tantas noites lúgubres, sinistras.

Quero matar minha morte com tua vida,

e cobrir meu frio com teu calor.

Já desponta a Lua em tua janela,

e a noite é azul.

Amada,

sonha.

Venho cheio de sede, querendo beber

os velozes veios de tuas veias,

vermelho manancial.

É meia-noite.

Amada,

sonha com teu macabro amante.

E, sonhando,

sentirás que este pálido ser te beija;

e arrepios virgens percorrerão tua pele alva,

com as carícias de mãos mortas.

Amada,

dorme e sonha.

R F Lucchetti
Enviado por R F Lucchetti em 14/01/2015
Código do texto: T5101271
Classificação de conteúdo: seguro