Rudemente poética
Não quero mais ser olhada
por olhos que nem me enxergam.
Deles eu quero ser expulsada,
pois lá eu não sou nada que esperam
- e acho que também nada que eu quero.
Dos olhos que me enxergam e me abominam
eu não quero nada, a não ser indiferença.
Quero deles ser sepultada
e acabar com a minha presença,
já que não costumei licença ter
pra amada e querida ser.
Tenho sentimentos mais enredados,
do que os meus cabelos molhados.
Eu sou a desilusão de quem me ama,
e o meu coração reside na lama.
Sou mais ridícula do que essa poesia,
porque ninguém me lê até o final.