COISAS ESTRANHAS

Há coisas estranhas

Que estão a nos rondar nos nossos aposentos

Há coisas estranhas

Acontecendo lá dentro

E o anfitrião que nos hospeda com prazer

Numa casa na beira da rua da perdição

Quando entramos lá ao anoitecer

Não sabíamos o que podia acontecer

E que visões nós íamos ver

Cabeças de alces sorridentes

Estão grudadas nas paredes

Vozes ecoam no corredor

Somos hospedes do pecado e da podridão

Estamos cercados pelo mal por todo lado

A lua tão depressiva

Ouço os gemidos das corujas

Numa sala escura

Rodeada por ratos e corpos mortos

Se não for um sonho

Fará parte da realidade

E seremos caçados quando sairmos na luz do dia

Ela nos procura aqui nessa casa escura

Onde nos quartos há velas

Que ardem como se fossem de um funeral

De um monsenhor morto no vendaval

Na casa os quartos tem pinturas vivas

Cujos sorrisos e olhares

Definem o futuro de nossas vidas

Que não nos pertencem

Como nossas raras alegrias

Esses rostos

Enquanto nos encaram

Querendo se alimentar de nossa saúde

Como espíritos famintos

Que rondam todo lugar

Querendo nos levar para passear

Por ai

No céu na terra ou no ar

Que esta corrompido

Estamos perdidos procurando a verdade

Como órfãos numa insana tempestade

Nosso presente é tão estranho

E ficamos lamentando pelos cantos

Como animais acuados

Será que vai repetir alguma vez

Aquela noite de pavor

Que recém passou?

Mauricio Rocha
Enviado por Mauricio Rocha em 23/12/2014
Reeditado em 23/12/2014
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