COISAS ESTRANHAS
Há coisas estranhas
Que estão a nos rondar nos nossos aposentos
Há coisas estranhas
Acontecendo lá dentro
E o anfitrião que nos hospeda com prazer
Numa casa na beira da rua da perdição
Quando entramos lá ao anoitecer
Não sabíamos o que podia acontecer
E que visões nós íamos ver
Cabeças de alces sorridentes
Estão grudadas nas paredes
Vozes ecoam no corredor
Somos hospedes do pecado e da podridão
Estamos cercados pelo mal por todo lado
A lua tão depressiva
Ouço os gemidos das corujas
Numa sala escura
Rodeada por ratos e corpos mortos
Se não for um sonho
Fará parte da realidade
E seremos caçados quando sairmos na luz do dia
Ela nos procura aqui nessa casa escura
Onde nos quartos há velas
Que ardem como se fossem de um funeral
De um monsenhor morto no vendaval
Na casa os quartos tem pinturas vivas
Cujos sorrisos e olhares
Definem o futuro de nossas vidas
Que não nos pertencem
Como nossas raras alegrias
Esses rostos
Enquanto nos encaram
Querendo se alimentar de nossa saúde
Como espíritos famintos
Que rondam todo lugar
Querendo nos levar para passear
Por ai
No céu na terra ou no ar
Que esta corrompido
Estamos perdidos procurando a verdade
Como órfãos numa insana tempestade
Nosso presente é tão estranho
E ficamos lamentando pelos cantos
Como animais acuados
Será que vai repetir alguma vez
Aquela noite de pavor
Que recém passou?