Maldita sina
Das densas brumas da noite
Surge o mórbido vulto
E lentamente caminha sob a luz do luar
Maligno espírito noturno
Filho do mal
Renuncia a Deus, à cruz e ao sol
Oh, ser imortal
De beleza sem igual
Misterioso, soturno, sombrio
Quem permitiu o teu existir?
Voraz criatura, mortal é o teu beijo
Que sacia o desejo do rubro elixir
Portas trancadas, sal nas janelas
Pouco é todo o cuidado
O anjo caído é cortês e educado
Só entra se for convidado
Tem a pele tão alva
Quanto a luz da manhã
Seus olhos seduzem
Encantam e conduzem
A um frenesi passional
Que desperta o afã
Escabrosos caninos
Cuja mulher mais bela
São capazes de fascinar
Um sorriso de quimera
E quando menos se espera
Sem que a vítima perceba
Vão de encontro à jugular
A capa preta lembra as asas de um morcego
Que envolvem a vítima num abraço sensual
O sorriso encantador desperta desejo e medo
Os lábios no pescoço, o beijo tenebroso,
Gostoso e fatal
Saciada a tua sede
A alvorada se aproxima
Mas antes que chegue a aurora
Retorna então à cova
Que o sol não ilumina
De dia descansa o maldito ser
Aproveita que outra noite já vem
Pra repetir eternamente a tua sina
Manter-se vivo bebendo o sangue de alguém