Maldita sina

Das densas brumas da noite

Surge o mórbido vulto

E lentamente caminha sob a luz do luar

Maligno espírito noturno

Filho do mal

Renuncia a Deus, à cruz e ao sol

Oh, ser imortal

De beleza sem igual

Misterioso, soturno, sombrio

Quem permitiu o teu existir?

Voraz criatura, mortal é o teu beijo

Que sacia o desejo do rubro elixir

Portas trancadas, sal nas janelas

Pouco é todo o cuidado

O anjo caído é cortês e educado

Só entra se for convidado

Tem a pele tão alva

Quanto a luz da manhã

Seus olhos seduzem

Encantam e conduzem

A um frenesi passional

Que desperta o afã

Escabrosos caninos

Cuja mulher mais bela

São capazes de fascinar

Um sorriso de quimera

E quando menos se espera

Sem que a vítima perceba

Vão de encontro à jugular

A capa preta lembra as asas de um morcego

Que envolvem a vítima num abraço sensual

O sorriso encantador desperta desejo e medo

Os lábios no pescoço, o beijo tenebroso,

Gostoso e fatal

Saciada a tua sede

A alvorada se aproxima

Mas antes que chegue a aurora

Retorna então à cova

Que o sol não ilumina

De dia descansa o maldito ser

Aproveita que outra noite já vem

Pra repetir eternamente a tua sina

Manter-se vivo bebendo o sangue de alguém

Fillip Diniz
Enviado por Fillip Diniz em 08/11/2014
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