ÓDIO
I
Transfiguram as moscas sonâmbulas
O cérebro do homem embriagado,
Querendo deixá-lo mais alucinado
Com os atos e covardias desumanas!
Que a tempestade chegue com pressa
E deixe em destroços os corações,
Que venha o álcool e destorça a mente
Do homem que adora ser clemente!
O que deve fazer o homem quando
Envolvido por tédio e angústia,
O que atrai para seu corpo imensa culpa
E compõe no pensamento um louco plano?
O arrogante olhar do gênio embriagado
Quando deslisa para o povo, amaldiçoando-o,
Só de vinho Satã fecunda sua mente
À maquinar nas frias noites soturnos segredos!
II
Ah! Se o bafo infernal das doze horas
Derretesse as faces dos mesquinhos
Que tanto existe nas cidades bastadas,
Os invejosos da liberdade dos vadios!
III
Maldito seja aquele que nos traz tanto ódio,
Toda fúria guardada em nossos corações,
Dando a vontade de cometer grande selvageria
Para tirar a vida do covarde que nos traz desgosto.
É ele que nos conserva no mal!
E com o psicopata consuma o pacto...
Os delitos mais sórdidos: os estupros e carnificinas,
O homem realiza motivado pelo ódio!
Consumindo espíritos pelos tempos remotos,
Veio caído do céu para propagar a violência
Que durante os séculos é cultivada e pela terra
Deixa as chagas que os profetas tanto anunciam!
O ódio nos devora, ó pobre hipócrita!
Por mais que o neguemos
Sempre bate em nossas portas!