Sombra
Mesmo sem contemplar-lhe claramente
Fujo em desespero...
... mas tu insiste:
Anda sobre minhas costas,
Inveja-me.
Sou tua barreira intransponível
Pois então, covarde, venha derrubar-me!
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Sinto teu hálito frio e funesto
Próxima, sedenta por despojar-me a vida
Fugaz, sobrepuja-me por hora
Sinto-lhe ao meu lado, vaidosa
Avança, em minha vanguarda
Mas, caí, sofre, geme e desaparece...
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Assim segue sua sina atemporal
Eterna...
Eternamente inferior a mim
Eternamente meu guarda costas
Eternamente!
****
Outros tempos, caído ao relento
Sorvido em meus princípios,
Seco de alegrias e sorriso
Revigoro-me.
Novos tempos, esperança e esplendor
Um amor no peito e renovação na mente
E teu olhar a invejar-me
Sei que estás aí atrás, em algum lugar
Compadeço-me por ti
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Mas, venho em boaventura dizer-lhe
Com essas palavras sinceras peço-lhe
Paciência, compreensão...
Sei que deveras insuportável és tua condição
Mas um dia deixarei de existir...
Rastejarei para meu sepulcro
Cessarei de respirar
Bruxuleante será o brilho de meus olhos
E você reinará suprema e livre
Pois, deixarei de existir e aí sim...
... Sera minha vez de ser apenas uma sombra!