O Coveiro e a Gótica
Numa noite de lua cheia
Sentada no túmulo abandonado
A gótica observa o cemitério.
O que para muitos é uma paisagem mórbida
Para ela é o mais sublime paraíso
O silêncio sepulcral é música para seus ouvidos.
O barulho da cidade é abafado por grandes muros
Lá embaixo, só o coveiro com a enxada
Cavando, cavando e cavando.
Uma forte paixão atinge o coração da triste moça
As flores murchas enfeitam o caminho
Ela desce ao encontro de seu amado coveiro.
Num dia chuvoso e melancólico
O casamento foi dentro do cemitério
Quase ninguém apareceu.
Juntos, o coveiro e a gótica
Cavaram uma enorme cova
Em formato de coração.
Ganharam alguns caixões
E uma Lápide velha e suja
Que belo casal, sintonia perfeita.
Ele a presenteava com lírios brancos
Ela recitava “O Corvo” toda noite
Adoravam Edgar Allan Poe.
Não tiveram filhos
E três anos depois do casamento
Morreram felizes para sempre!