À QUE É MUITO PACATA
Em casebres obscuros e tingidos de fumaça,
Velhas amaldiçoam com alquimias negras,
Apertando os laços que prendem a consciência e beleza
Da cidade que acredita em todo tipo de desgraça!
Os populares privados dos avanços da ciência
E limitados pela cultura do negro mundo medieval
Não conhecem a virtude e riem da opulência
Que pessoas viajadas trazem à sua terra natal.
Diz o enganador:
Conviva pobre poeta com civis tão elevados
De preconceito herdado dos seus antepassados,
Aguente o alvoroço e murmurinhos das donas de casa
Que ferem com suas línguas até o padre que passa!
E o vendilhão responde:
Já me acostumei com isso (e é de muito longe pouco!).
A vida libertina é solo fértil para críticas.
Mas contemplarei ainda mais os prazeres desta vida
Para quando eu morrer ser reverenciado pelo povo...
Bem tu sabes que o banal e pecador
É, quando morto, como um herói sepultado!
E que os puros e bons sempre sofrem um bocado,
Não aproveitam a vida e são por poucos lembrados...
O vapor de uma vida pacata faz chover ignorância
Regando com suas tradições vidas a se formar,
Os jovens que nesta cidade moram crescem sem esperança
De vencerem a intolerância (ao contrário!) aos seus pés vão se curvar!
Apesar disso adoramos este torrão pelo mundo esquecido!
A saudade é mais forte que suas mesquinharias!
Quem dele fugiu procurando ares mais frescos
Voltarão para descansarem os ossos em seu leito!
E contradiz o enganador:
Não seja esperançoso medíocre homem condenado!
Pois tu não terás o privilégio de embernar em canto calmo!
Sei que gostas de teu ninho, apesar de ser boateiro,
Mas a indigência terá teu corpo, lá jazerá teu esqueleto!