A Morte Bateu À Porta

Senti um arrepio na espinha,

Pressenti algo familiar,

Entrei em casa e logo a vi.

Instalada paciente e fria,

Sorriu-me pela escuridão,

E o sofrimento atroz dela brotou,

Em rodos inundando o silêncio.

Eu vi-a enredada no meu seio,

Embalando meu ente querido.

Eu conheço-a desde sempre,

Por mim há muito idolatrada,

Ela chegou com as trevas,

E o sol recolheu-se nas sombras.

Eu olhei-a nos olhos vazios,

E ela cobriu com o seu manto,

Os seus escolhidos de negro,

Como pertences inalienáveis,

Presos pela dor constante.

Eu hoje vi-a brincando às vidas,

Soltou os anjos negros à noite,

Os condenados dão-lhes guarida,

E suspirando todos vão de partida.

Donde imperam tristeza e solidão,

Vem lamentosa a Morte amiga,

Dar-vos a mão de fugida.

Lx, 21-1-2011

Paulo Gil
Enviado por Paulo Gil em 28/06/2014
Código do texto: T4862304
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