A Morte Bateu À Porta
Senti um arrepio na espinha,
Pressenti algo familiar,
Entrei em casa e logo a vi.
Instalada paciente e fria,
Sorriu-me pela escuridão,
E o sofrimento atroz dela brotou,
Em rodos inundando o silêncio.
Eu vi-a enredada no meu seio,
Embalando meu ente querido.
Eu conheço-a desde sempre,
Por mim há muito idolatrada,
Ela chegou com as trevas,
E o sol recolheu-se nas sombras.
Eu olhei-a nos olhos vazios,
E ela cobriu com o seu manto,
Os seus escolhidos de negro,
Como pertences inalienáveis,
Presos pela dor constante.
Eu hoje vi-a brincando às vidas,
Soltou os anjos negros à noite,
Os condenados dão-lhes guarida,
E suspirando todos vão de partida.
Donde imperam tristeza e solidão,
Vem lamentosa a Morte amiga,
Dar-vos a mão de fugida.
Lx, 21-1-2011