Doce (Primeira tentativa de poemar)
O amor apenas queimava dentro de mim,
Mesmo que eu não soubesse o por quê.
Nunca me deram rosas vermelhas
Ou me aplaudiram de pé,
Apenas riam de minha dor
E me queimavam.
A inquisição não me deixa sair impune
Desde aqueles tempos…
Desde que meus Romeus fugiram com algumas Cinderelas
E eu nunca mais pude ter paz.
Desde os tempos em que a música era a melhor profissão
E nós não podíamos saber ler nem escrever,
Mas eu o fazia há décadas enquanto as outras
Apenas bordavam teias de discórdia.
Lembra-te, ódio?
Da época de lágrimas por ti derramadas e por negra dor?
Lembra-te, amor?
Das lágrimas mais amargas ainda que queimavam nossas alvas faces imaturas?
Pois todas elas queimavam, mas as de amor machucavam mais.
As de amor ferem mais. Desde sempre.
Desde os beijos doces da morte,
Que sempre fora tão envolvente e sensual
A ponto de fazer-me desejar morrer.
Beijos ácidos que me matavam de mil e um modos diferentes a cada segundo
Mas que também faziam-me desejar morrer o mais rápido possível.
Morte, querida, excitante, hesitante, tristonha, risonha,
Faz-me desejar-te novamente,
Extasia-me mais uma vez,
Vicia-me em teus beijos aziagos
E traz-me discórdia para que eu possa reconhecer a felicidade novamente.
Envolva-me em teus braços por uma última vez,
Minha negra dama,
E transforma essa serva tua em ser híbrido de anjo e demônio.
Por uma última vez,
Em uma página mais…
Doce.