Coração de Vidro
Lenta e sensível respiração
Um corpo no leito à espera da operação
Coração frágil, vidro rachando emoção
Sutil memória, um desespero, aflição
Antigo medo sepultado
Cinzas recompondo um passado
Desolado, repleto consumo do pecado
Guerra escrita, morte de um soldado.
Carne bombeando sangue frio
O vidro materializado em cacos distintos
Suplício e sacrifício em dor errante
Sombras levando lágrimas à beira do precipício
Deitado as margens de um córrego de sangue
Cacos de vidro cortam uma alma uivante
Distante, a fria prata, riqueza em semblante
Em dor, rasgando, penitência incessante.
Devaneios em meio à névoa da cidade
O coração de vidro quebrado pela luz da verdade
Sangue jorrado ao rio em puro banho
Uma alma sangra, suplicando piedade
Pulsos cortados por um coração partido
As vestes negras levam o martírio
Ingressar na morte pelo que havia vivido
Morto ao cair, em distintos, pequenos cacos de vidro...