Vale dos Ventos

Nestes póstumos cantos

Verás então como é constituído um humano

Em um de seus nove círculos anglicanos

Que envolvem de cada infiel o pranto

Não por acaso hei de um dia visitar o Vale dos Ventos

Onde encontram-se Helena e Páris em seu recanto de agora doce dor

Juntamente com mais mil homens que se sacrificaram por amor

E agora são atormentados por furacões violentos

Castigo esse nosso por algo como uma eternidade,

Um tanto quanto ilusória, devo dizer,

Seria quiçá casto pelo que um dia em vida pudemos fazer

E suponho que tormenta pior seria mais que nossa atual beldade

Fizemo-nos luxuriosos por vagas noites

Até que arrastados fossem nossos corações

Como os ventos nos levaram por nossas paixões

E permitimos que qualquer féu agora nos açoite

Carnais permanecemos

Como se de um segundo círculo infernal houvesse existência,

Embora estejamos em nossas oníricas aparências,

E alguns dos mais alcaides ósculos foram queimados em nossos lábios

Memórias nepentes não mais se mesclam

À densidade do desejo

E se perdem devaneadas com nossos anseios arrastados

Pelos ventos arguciosos deste vale tão trevoso que espalha sua doçura febril…

Porque qualquer tipo de amor e prazer às vezes é considerado o maior dos pecados…

Lolla Fronza
Enviado por Lolla Fronza em 16/06/2014
Código do texto: T4847040
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.