Vale dos Ventos
Nestes póstumos cantos
Verás então como é constituído um humano
Em um de seus nove círculos anglicanos
Que envolvem de cada infiel o pranto
Não por acaso hei de um dia visitar o Vale dos Ventos
Onde encontram-se Helena e Páris em seu recanto de agora doce dor
Juntamente com mais mil homens que se sacrificaram por amor
E agora são atormentados por furacões violentos
Castigo esse nosso por algo como uma eternidade,
Um tanto quanto ilusória, devo dizer,
Seria quiçá casto pelo que um dia em vida pudemos fazer
E suponho que tormenta pior seria mais que nossa atual beldade
Fizemo-nos luxuriosos por vagas noites
Até que arrastados fossem nossos corações
Como os ventos nos levaram por nossas paixões
E permitimos que qualquer féu agora nos açoite
Carnais permanecemos
Como se de um segundo círculo infernal houvesse existência,
Embora estejamos em nossas oníricas aparências,
E alguns dos mais alcaides ósculos foram queimados em nossos lábios
Memórias nepentes não mais se mesclam
À densidade do desejo
E se perdem devaneadas com nossos anseios arrastados
Pelos ventos arguciosos deste vale tão trevoso que espalha sua doçura febril…
Porque qualquer tipo de amor e prazer às vezes é considerado o maior dos pecados…