VINGANÇA

Vingança

Num acesso de coragem resolveu vir

Olhar o mundo com suas folhas secas, com seus ventres secos

Dentro de cada ventre uma criança dormia

Escutou o choro da criança e de muitas outras

Deu-lhes as mãos acariciando os ventres

E com uma força sobrenatural foi empurrando tudo por onde passava

Apenas os ventres protegia

Amaciou as folhas secas de deitou em seu centro os ventres

Feriria os culpados

Lembrou então de sua existência

Do choro contido na garganta por milhares de dias

Milhões de lágrimas derramadas

Daqueles que o feriram

Estava livre da existência corpórea

Mas num ímpeto pedira à Deus a vingança

Se tornara um tornado querendo destruir

Ia e voltava sem nada querer olhar

Lembrou de seu amor ferido

Daquela que muito amava e por quem era amado

Daquele povo egoísta cuja inveja destruía

Aos poucos sugaram a felicidade de seu amor

Translúcida pele se tornara

Os lábios antes tão macios agora gelados

E onde estava Deus nesta hora

Até o crucifixo que ela trazia no pescoço arrancaram

Ó Deus onde estás que não vistes

A covardia caminhar sobre a terra

Não defendentes os pequeninos

Os demônios estão soltos em guerras

Onde está o sol, as brincadeiras de roda, as crianças

Onde estão os amantes

Onde está a noite enluarada e brilhante

Apenas fantasmas rondam os lugares

Fui ferido de morte e a traição

Ficaram com o fruto do roubo dos bens que eu trazia

Arrancaram-me a vida por tão pouco

Apenas queria ver e viver meu amor

Deus se és Rei de todos os trovões, de todos os tempos de tudo

Faça-me justiça, mande-me de volta

E ele como se me entendesse deu-me força para a destruição

Não ficaram nenhum deles, nem seus rastros, nenhum demônios, até o chão arranquei

Curvei-me perante os que salvei

Vários ventres trazendo vida os agasalhei

Curvei-me perante o túmulo de meu amor e o meu

Agora descansarei

Rosalina Herai