MINHA SEPULTURA

A SEPULTURA

Jorge Linhaça

Vermes de olhos verdes

devoram-me as chagas

que no peito ora não vêdes

enquanto teu suor enxáguas.

Olho para o alto e os vejo

faces lívidas de hipocrisia

nos olhos de alguns um lampejo

de sua oculta e grata alegria.

A terra que ora me encobre,

aos poucos traz a escuridão.

E a matéria repousa, pobre,

nas tábuas frias de um caixão.

Mas o espírito , esse, imortal,

liberto do corpo corrompido,

singra o espaço, alheio ao mal,

enquanto a matéria jaz em fluídos