Prisioneira

O sol reluz a monotonia austera do dia

Triste, saudoso, melancólico,

O fim de Outono arrefece

Com a chegada do solitário Inverno.

Pelos fins de tarde, tudo fenece...

As montanhas sorvem a luz poente

Os pássaros perdem-se de vista no Ocidente.

Folhas secas bailam

A valsa espiral dos ventos incertos

Tombam decrepitas no vil palude.

A claridade matinal

Ferem os olhos da Monja.

Esconde-se no claustro e a tudo ignora

Com seu olhar vago, perdido em algum espaço

Ou decerto, em busca da erma solidão.

Da vidraça translúcida,

Sóbria, fita a paisagem diáfana

As pálpebras petrificadas imóveis

Olhos vagos, como a névoa lá fora

Como as vidraças mudas da janela do quarto.

A fina garoa serena a noite, a neblina pesa sobre

Os notívagos transeuntes.

Acena para os ignotos vultos

Que dizem por telepatia em ecos ininteligíveis

Ser Ninguém...

As visionárias Visagens a subverteram...

Estática, não adormece

Apenas anoitece e amanhece

Como um olhar do Rio,

Aparentemente tranquilo

Ensimesmado esconde dentro de si

Um grande Mistério ou mortal perigo.

É a hora da noite que despertas

Na batuta dos pensamentos,

As águas profundas do Rio revoltam-se...

Sufoca, engasga, engole a sorvos, afoga-te

Quando despertar da insconsciência,

Jazes inerte, teu espírito que demais pensa,

Prisioneira para todo o Sempre.

Camila Arruda
Enviado por Camila Arruda em 21/02/2014
Reeditado em 12/03/2014
Código do texto: T4700730
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