Prisioneira
O sol reluz a monotonia austera do dia
Triste, saudoso, melancólico,
O fim de Outono arrefece
Com a chegada do solitário Inverno.
Pelos fins de tarde, tudo fenece...
As montanhas sorvem a luz poente
Os pássaros perdem-se de vista no Ocidente.
Folhas secas bailam
A valsa espiral dos ventos incertos
Tombam decrepitas no vil palude.
A claridade matinal
Ferem os olhos da Monja.
Esconde-se no claustro e a tudo ignora
Com seu olhar vago, perdido em algum espaço
Ou decerto, em busca da erma solidão.
Da vidraça translúcida,
Sóbria, fita a paisagem diáfana
As pálpebras petrificadas imóveis
Olhos vagos, como a névoa lá fora
Como as vidraças mudas da janela do quarto.
A fina garoa serena a noite, a neblina pesa sobre
Os notívagos transeuntes.
Acena para os ignotos vultos
Que dizem por telepatia em ecos ininteligíveis
Ser Ninguém...
As visionárias Visagens a subverteram...
Estática, não adormece
Apenas anoitece e amanhece
Como um olhar do Rio,
Aparentemente tranquilo
Ensimesmado esconde dentro de si
Um grande Mistério ou mortal perigo.
É a hora da noite que despertas
Na batuta dos pensamentos,
As águas profundas do Rio revoltam-se...
Sufoca, engasga, engole a sorvos, afoga-te
Quando despertar da insconsciência,
Jazes inerte, teu espírito que demais pensa,
Prisioneira para todo o Sempre.