Opostos
Em um coração
Que já não mais batia,
Opostos em paixão,
Filhos da Morte e da Vida.
A musa era doce,
Tão bela e inocente.
O anjo dos sonhos,
Princesa de encantos.
Símbolo da pureza,
Tão santa e serena.
A gárgula era amarga,
Tão patética e insensata.
O monstro do armário,
Rosto deformado.
Símbolo da desgraça,
Tão impuro e odiado.
A Filha da Vida e
O Filho da Morte,
Na batalha de um ser,
Apaixonaram-se em inocência,
Sem saber, sem querer.
Ele e seus olhos negros e amargos,
Ela e seus olhos azuis e amáveis.
Olhares se trocaram
E os corações palpitaram.
Ele e suas garras grotescas,
Ela e suas mãos finas.
Seus dedos se entrelaçaram
Na mistura da santidade e pecado.
Ele e seus lábios pálidos,
Ela e seus lábios rosados.
Seus lábios se tocaram
Em um beijo apaixonado.
Separados por muros,
A luz deu adeus
À escuridão, seu Romeu.
Desde então, naquele dia,
Escuridão jurou à Luz
Encontrá-la novamente
E viver junto dela para toda a vida.
Mil anos depois,
Em outra guerra de um ser,
A escuridão chamou a luz,
E fugiram sem ninguém saber.
Em uma noite de amores
Eles um só se tornaram...
Como o sangue escarlate
Manchando o lençol branco de linho,
O preto e o branco
Tornou-se o cinza,
Gerando a mente e o coração,
Os caminhos da vida.
Fez-se então a alma humana,
Hora negra,
Hora branca.
Fez-se então o livre arbítrio,
Seu amigo e
Inimigo.