Os dentes de Berenice
A Poe
Todo momento diante de ti
Centro o olhar em tua boca brilhosa,
Este lábio, que quando sorri, me parte
E faz-me caleidoscópio em noite formosa…
Tantas estrelas brilham na tua boca
E me seduzem como se fosse o flautista,
E corro para o rio que desemboca
Neste torpor sem nome, ilusionista…
Diamantes preciosos que tanto desejo...
Quando expostos aos meus instintos selvagens
Mostram-me o que realmente almejo,
Mas na razão mantenho-me em blindagens…
Ofuscada sem qualquer expressão,
Algo se move, mas eu fico parada
A aguardar que venha a escuridão
De quando tua boca fica calada…
…E me atemorizo neste momento,
Fico esperando que acabe este tormento…
Mas qual? Se o desejo de o ter me mata,
E o desejo de que não fulgures se dilata?