Sou um anjo de olhar deprimente
Olho para o céu e não vejo a estrela cadente
Sou um anjo que nada fez para um dia estar assim
O cheiro da morte se mistura com a flor do jasmim
Sou um anjo que marcha nas brasas
Como voar? A dor roubou as minhas asas!
Sou um anjo que espera por um único milagre
Que este luto que eu trago comigo um dia se acabe
Sou um anjo caído no caminho
Todos partiram e eu fiquei sozinho
Sou um anjo que perambula no breu
Solucei quando vi que a poesia morreu
Sou um anjo que não sai do lugar
Perdi o meu céu e não consigo voar
Sou um anjo que não contempla o sol
Não consigo ouvir o cântico do rouxinol
Sou um anjo que foi desprezado
Da minha casa desapareceu o telhado
Sou um anjo que ninguém pode conhecer
Sou diferente, quando nasci comecei a morrer!
Sou um anjo que vive na solidão
Ninguém quis receber o meu coração
Sou um anjo que deu a vida ao mundo
Em troca herdou um desprezo profundo
Sou um anjo repleto de nostalgia
O meu sorriso só existe numa fotografia
Sou um anjo que é assombrado ao dormir
Eu sempre sonho que a minha alma quer fugir
Sou um anjo que tem um coração frio
As lágrimas que eu choro fizeram um rio
Sou um anjo que não alcança o caminho certo
Aquele que eu amava não me quer mais por perto
Sou um anjo que tem a rosa da morte
Os outros anjos voaram e eu estou sem norte
É tanta dor, os meus joelhos estão machucados!
Meu futuro é sofrer sem você. É morrer ajoelhado...
Poesia Registrada na Biblioteca Nacional