Cinzas da Morte
ao soprar nessa ruína
dessolada as cinzas da morte,
despejo também de minha alma
todas as marcas que,entranhadas
como cicatrizes visíveis na pele,
insistem em permanecer em mim,
intactas como no dia em que,
doridas e suturadas,abraçaram
meu ser e se alojaram docemente,
sonolentamente,angelicamente
em meu coração.
tento suavemente descolorir,
tirar de meu passado,apagar
de meu futuro todas as nuances,
e soprar de meu presente
as cinzas da morte que maculam
meus olhos à visão que se levanta,
negra,pálida e cinzenta à minha
frente nessas solitárias horas
de escuridão em que sempre
me acolho em meus próprios
pensamentos.