Da janela da minha casa,
eu vejo todo dia
um pobre menino,
herdeiro de um pobre pai,
amassar junto ao cimento
o tempo da sua infância!
Ele carrega pedra,
ele carrega areia,
ele carrega água,
ele carrega cimento
e liquidifica tudo.
Ele carrega massa,
ele carrega bloco
e já começa a fazer casa,
e nem sequer no seu caderno,
casa ele sabe fazer!
O menino peneira areia
sobre o lombo do asfalto quente,
e eu não vejo ninguém peneirar
o sol ardil de setembro,
que debruça sobre as costas nuas
do menino servente!
Da minha janela,
o que eu vejo, é o futuro
sendo petrificado junto com o cimento,
o bloco, a areia, os ferros e a laje!
Então eu olho para o céu,
e numa prece sentida,
intercedo à DEUS pelo menino,
que junto ao cimento amassa também
o futuro e a própria vida!

luznaentradadotunel
Enviado por luznaentradadotunel em 29/04/2008
Reeditado em 06/01/2010
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