POBRE JOGADOR
POBRE JOGADOR
Surgiu no beco trançando as pernas
Como tantos desempregados
Vendo seus sonhos jogados
Em ilusões eternas
Fez da jogatina sua esperança
No carteado, numa mesa de bar,
Tentou a sorte, levou azar.
Perdeu o rumo, entrou na dança.
Pendurou as doses de aguardente
Iludindo o seu penar
A falsa face do jogar
A fraqueza ingênua da mente.
Pela madrugada procura a trilha do seu barraco
A nega, a muito já partiu.
Não agüentou, desapareceu, sumiu!
Hoje só lhe restou o barraco.
As curvas da favela suas pernas já conhecem
Dentro do peito vazio, a dor.
Piedade só do criador
Os pobres, os homens, todos o esquecem.