Pelas ruas

Pelas praças, muitas delas.

Pés descalços

Parecem sem pátria.

Sofrendo ao relento

As mães que amamentam

Com seus seios vazios

E o coração cheio de dores.

A dor que cobra

Uma só razão para viver.

O dia amanhece e um pouco mais adormece.

E nada...! Nada acontece.

O mesmo olhar perdido

Das crianças esquecidas

Repete-se;

Algumas choram e outras apenas fitam

O raio da luz de mais um dia

Que com o decorrer das horas

Perde-se com as incandescentes.

Outras se calam...

E esperam.

Mas esperar por quem e por quê?

Se o amanhã não vem!

O presente é sempre o mesmo tempo presente.

Um dia após outro

Com os olhares perdidos no horizonte.

Mas que horizonte?

Se o tempo presente não vê futuro.

As pessoas sempre vão e voltam

Elas passam e passam

E elas vêem;

Que elas sempre têm

Um olhar distante

Sempre distante

Um olhar perdido no horizonte.

Lili Ribeiro

06/07/07