Teatro
No rádio,
a voz do moço
que canta chorando
ou chora cantando.
No ar,
a nossa agonia,
de tanta tristeza
e tanta pobreza.
Na tevê,
só assistimos
os pastores iguais,
ridículos e banais.
No vizinho,
também ouvimos
mais uma discussão
que dizem, é tesão.
No jornal,
em manchetes,
as mesmas dores
mostradas em cores.
Mas, de repente,
tudo se cala;
o cantor, os pastores,
até o vizinho.
No tempo ausente,
nada se fala.
Somos todos atores
nesse palco, sózinhos.