Valsinha do Dengue

Nasci de uma larvinha podre, numa água suja, no quntal de trás.

Na piscina, no vasinho, na garrafa, no pneu... tanto faz!

Espero o momento certo pra dar a picada que me satisfaz,

e fica todo mundo bobo, porque eu, tão pequeno, tiro sua paz.

Daí começa a sensação que tudo está doendo e a febre vem.

São reações tão diversas que nem conto mais, deixo pra lá também.

Você corre de um hospital pra outro e a fila vai crescendo cada vez mais;

coitado do bicho homem, por uma picada, não sabe mais o que faz.

E a culpa é de qual Sérgio? Côrtes ou Cabral? É César? É Zé?

Estão me tratando tão bem que nem quero saber de quem a culpa é.

Tenho vários amiguinhos que estão vivendo aqui, é bom de se morar.

O Rio que era do carioca, agora é do Aedes, quem vai me tirar?

Não vou sair daqui tão cedo, pois estão vacilando, não preciso ir.

Sou o mais novo turista do Rio, virei celebridade, só falam de mim.

Só faço o que me deixam, se me impedissem eu não estaria aqui.

Adeus, vou dar mais uma voltinha e apostar pra ver quem me tira daqui.