IDADE DO ESCURO
Percorro espaços tortuosos com meus pés
descalços em caminhos de seixos brutos.
No coração carrego essa veleidade por justiça,
insofismável e manifesta, lapidada pela perda...
Ruínas de uma sociedade que castiga a ingenuidade
de seus filhos em sua mira.
Crianças que choram ao relento
numa decadência de dor e sofrimento...
Mas, ninguém as escuta. Ninguém vê.
Ninguém tem tempo de socorrer.
Dor alucinante anestesiada pela vida,
ou pela falta até de coragem pela
própria sobrevida...
Adiante o nada, o vazio, a falta de perspectiva.
Justiça? Onde está a justiça?!
Será que ela de fato existe pra todos?...
Insensível e essencial ao submundo
enfadado pela vida, sociedade que castiga.
Optativo mundo sem opção
caçado enternecidamente pela hipocrisia.
Estrenuamente luta-se. Mas ainda existe:
Índio, negro, branco ou mulato – criança bandida.
Inocência perdida dia após dia...
Amor desfigurado, sociedade e hipocrisia.
Esse é o futuro da sociedade, das nações, do mundo?
Porque o homem aplica tão pouco em seu próprio futuro?
Amor desfigurado, sonho vagabundo.
Sociedade decapitada, vidas inocentes ceifadas...
E o mundo outrora idade das trevas,
assistiu o acender das luzes. Mas hoje, a luta pela sobrevida
joga o futuro em completo abandono.
E traz de volta a Idade do Escuro!
Marasmo, indecência... Agora entendo a atitude de Sócrates ao
embarcar naquele copo de cicuta.