MUNDO COVARDE
Olho ao meu redor e mal consigo acreditar no que avisto
Quem são esses que caminham sob o comando de suas trevas?
Porventura não seria um jactancioso ser, que jamais civiliza seu bicho?
Mais que isso: é a mentira que põe máscaras de gente numa alma fera!
Por isso eu me pergunto: como pude vir parar nesse mundo submundo?
Aqui a lágrima alheia paga o sorriso que ao escárnio lhe concerne
Nos hospitais a escória da exclusão e fora dele o sonho moribundo
Quanto mais vislumbro esse tal homem, mas eu invejo os vermes!
O mar da obscena hipocrisia faz dos oceanos uma tímida gota
Pescoços são pisados e às custas dos punhais se alcança o degrau
Sob algemas e mordaças, contempla a ética, todo o vício à solta
Aqui mansões e carros luxuosos são fabricados com átomos do mal!
Litros de sangue inocente em troca de algumas gotas de petróleo
Leite de quinta, por cada voto da cegueira inconsequente
Palmas para os intelectuais que detêm nosso pensar em monopólio
Vaias pra mim, que nessa selva me atrevo a querer ser gente!
Olho pra mim mesmo e tento entender quem não me entende
Quero agredir a morbidez de quem se cala à escala dos absurdos
Dê meia volta amigo tempo e que se lance para trás o que se vai à frente
Gritem senhores mortos, porque esses que se dizem vivos, estão mudos!