MUNDO COVARDE

Olho ao meu redor e mal consigo acreditar no que avisto

Quem são esses que caminham sob o comando de suas trevas?

Porventura não seria um jactancioso ser, que jamais civiliza seu bicho?

Mais que isso: é a mentira que põe máscaras de gente numa alma fera!

Por isso eu me pergunto: como pude vir parar nesse mundo submundo?

Aqui a lágrima alheia paga o sorriso que ao escárnio lhe concerne

Nos hospitais a escória da exclusão e fora dele o sonho moribundo

Quanto mais vislumbro esse tal homem, mas eu invejo os vermes!

O mar da obscena hipocrisia faz dos oceanos uma tímida gota

Pescoços são pisados e às custas dos punhais se alcança o degrau

Sob algemas e mordaças, contempla a ética, todo o vício à solta

Aqui mansões e carros luxuosos são fabricados com átomos do mal!

Litros de sangue inocente em troca de algumas gotas de petróleo

Leite de quinta, por cada voto da cegueira inconsequente

Palmas para os intelectuais que detêm nosso pensar em monopólio

Vaias pra mim, que nessa selva me atrevo a querer ser gente!

Olho pra mim mesmo e tento entender quem não me entende

Quero agredir a morbidez de quem se cala à escala dos absurdos

Dê meia volta amigo tempo e que se lance para trás o que se vai à frente

Gritem senhores mortos, porque esses que se dizem vivos, estão mudos!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 28/03/2008
Reeditado em 30/01/2012
Código do texto: T920289
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