A VOZ DE UM GRÃO
Perdão senhora festa, se não lhe festejo
Estimada páscoa, perdão se não comi seus ovos
Querido feriado, desculpe-me se em suas compras não me vejo
Minha cara propaganda, lamento se não lhe veiculam meus olhos!
Desculpe-me senhor carnaval, se não frequento seus eventos
Lamento prezado e badalado show, mas eu não tenho ídolos
É pena senhor capitalismo, mas de seus episódios estou isento
Não sou consumista, sou o remanescente dos neurônios vivos!
Que me perdoe a multidão, mas eu prefiro ser grão
Eu não quero ser um rosto a mais desse dissimulado nazismo
O que eles chamam de festas, eu chamo de campos de concentração
O que para eles é auto estima, pra mim é narcisismo!
Criança, pai, mãe, trabalhador - todos têm o seu dia
Mas a dignidade da real cidadania, permanece escravizada
Dia Internacional da Mulher - quanta pompa pra tamanha ironia
Que tal mandar flores pra criancinha no lixo ou pra menina torturada?