A VOZ DE UM GRÃO

Perdão senhora festa, se não lhe festejo

Estimada páscoa, perdão se não comi seus ovos

Querido feriado, desculpe-me se em suas compras não me vejo

Minha cara propaganda, lamento se não lhe veiculam meus olhos!

Desculpe-me senhor carnaval, se não frequento seus eventos

Lamento prezado e badalado show, mas eu não tenho ídolos

É pena senhor capitalismo, mas de seus episódios estou isento

Não sou consumista, sou o remanescente dos neurônios vivos!

Que me perdoe a multidão, mas eu prefiro ser grão

Eu não quero ser um rosto a mais desse dissimulado nazismo

O que eles chamam de festas, eu chamo de campos de concentração

O que para eles é auto estima, pra mim é narcisismo!

Criança, pai, mãe, trabalhador - todos têm o seu dia

Mas a dignidade da real cidadania, permanece escravizada

Dia Internacional da Mulher - quanta pompa pra tamanha ironia

Que tal mandar flores pra criancinha no lixo ou pra menina torturada?

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 24/03/2008
Reeditado em 30/01/2012
Código do texto: T914521
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.