CANTO AOS SERES E AOS FRUTOS DA TERRA
Onde estará
aquele Riacho
que corria ligeiro
por entre cerrados e campos?
Onde andará
aquele Preá que vivia
nas moitas dos brejos,
e que encantava
pela vivacidade e rapidez?
Onde estarão as Codornas
e os Inhambus, as Pacas e as Juritis?
E aqueles Pequizeiros
onde minha infância
gostava de descansar nas suas sombras
e sentir o aroma delicioso
de seu frutos?
E onde estarão as Pitangas
vermelhas,
rasteiras,
que vicejavam
aos montões
nas verdejantes
Primaveras da minha vida?
E as Mangabeiras,
com seus frutos leitosos,
gostosos,
e que Mamãe fazia
um doce saboroso?
E os Muricis,
agridoces, belos, amarelos...?
E as Gabirobas
os Articuns,
as Mamicas-de-cadela,
os Marmelos,
os Marolos
os Veludos
e as Ingazeiras?
e...
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... hoje só vejo esse
deserto majestoso
de infinitos canaviais,
a proliferar misérias,
por esses campos imensos,
onde imperam,
soberanas
gananciosas,
oficiais,
e com chancelas presidenciais,
chaminés
nacionais
e multinacionais,
a fabricar desertos e pobrezas!
Vinhedo, 15 de março de 2008.