A DESILUSÃO COLETIVA
De tanto se ver o mal, duvida-se do bem
E a banalização acostuma o olhar com o que lhe daria horror
Mesmo o próximo a nos rodear, adquire um status de ninguém
De tanto se odiar, violenta-se em nome do amor!
De tanto se ver a farsa, relativiza-se o que seja a verdade
E o maquiavelismo se tornou a lei-magna das realizações
Somente as ambições recebem provas diárias de lealdade
De tanto se ludibriar, acredita-se nas próprias alucinações!
De tanto se ver o êxito da fraude, admite-se sem culpa a corrupção
E o que faz da justiça uma opção é rotulado pela fragilidade
O ganho desonroso passa a valer mais que a pobre irrepreensão
De tanto triunfar o cinismo, despreza-se a integridade!
De tanto se ver a injustiça, perde-se o apreço pela ordem
E a pobreza encarcerada não perdoa os criminosos em liberdade
A glutonaria pelo poder impede que adormecidos valores acordem
De tanto clamar por pão, enche-se o faminto de brutalidade!
De tanto se ver sem nada, joga-se sem regras o jogo da vida
E o mar da exclusão invade as praias da minoria
Porque preferem as trancas, já que não lucram lhes dando saída
De tanto bater recordes a safra das lágrimas, já nem se semeia alegria!