A DESILUSÃO COLETIVA

De tanto se ver o mal, duvida-se do bem

E a banalização acostuma o olhar com o que lhe daria horror

Mesmo o próximo a nos rodear, adquire um status de ninguém

De tanto se odiar, violenta-se em nome do amor!

De tanto se ver a farsa, relativiza-se o que seja a verdade

E o maquiavelismo se tornou a lei-magna das realizações

Somente as ambições recebem provas diárias de lealdade

De tanto se ludibriar, acredita-se nas próprias alucinações!

De tanto se ver o êxito da fraude, admite-se sem culpa a corrupção

E o que faz da justiça uma opção é rotulado pela fragilidade

O ganho desonroso passa a valer mais que a pobre irrepreensão

De tanto triunfar o cinismo, despreza-se a integridade!

De tanto se ver a injustiça, perde-se o apreço pela ordem

E a pobreza encarcerada não perdoa os criminosos em liberdade

A glutonaria pelo poder impede que adormecidos valores acordem

De tanto clamar por pão, enche-se o faminto de brutalidade!

De tanto se ver sem nada, joga-se sem regras o jogo da vida

E o mar da exclusão invade as praias da minoria

Porque preferem as trancas, já que não lucram lhes dando saída

De tanto bater recordes a safra das lágrimas, já nem se semeia alegria!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 13/03/2008
Reeditado em 30/01/2012
Código do texto: T899449
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