Poesia para uma Favela?
Incauto?
Um pária social?
À margem do asfalto
Empilham-se marginais
Despojos humanos
Janelas com pano
Respira ar puro,
Quem não vive o futuro?
Acrobata da vida
Para a morte rendida
Tem chance ou vantagem
Quem nasce à margem?
À margem da escola
Parceiro do crime
Devaneios com cola
Só assim se redime
Descer da palafita
Esrguida sobre a desdita
Alcançar o asfalto
E morrer num assalto
Entranhas espalhadas
De quem viveu na sarjeta
Que tanto furtou gavetas
Termina marcando a calçada
A hipocrisia do espectador
Assistiu o fim do matador
E a pasta nefasta, com impertinência,
à distância, manchou-lhe a consciência