AUSÊNCIA PATERNA
AUSÊNCIA PATERNA
Extrapolei minhas forças, ultrapassei limites...
Preservei o meu caráter e aprimorei atitudes...
Usei toda a competência, e fui até onde pude...
Em troca tive o descaso, broncas e chiliques...
Sua ambição menospreza o fruto do meu suo...
As rotinas de grandeza tomam seu tempo útil,
Dedicando-o diariamente numa atividade fútil;
Torrar nossas economias pra eu desfazer o nó...
Você gasta sem critério, mina o próprio futuro...
Na escola, não estuda e toma a vaga de alguém...
Universidade pública, onde só entra quem tem...
E reclama do governo, pedindo um país seguro...
Ri dos colegas pobres e se afoga na arrogância...
Cega-lhe as qualidades de quem luta pela vida,
Trata-lhe com gentileza, inda que não merecida,
E batalha pela sobrevivência desde sua infância...
Dizer que não pediu pra nascer é seu argumento
Para não assumir as responsabilidades que tem...
Não posso transformar ou forçá-lo a ser alguém,
Dou exemplos e recursos e o meu discernimento...
Sua vida é exclusiva e é você quem vai vivê-la...
Meu tesouro é meu fracasso, fui o pai moderno,
Que dedicado à carreira não percebeu o inferno,
Solapando a sua família até o ponto de perdê-la...
Represento a classe média alta, em moral falida,
Sou exemplo da ausência paterna em dá limites...
Ter recursos não inibe no delinqüente, o apetite...
Essa poesia é ficção, mas a realidade é parecida...