Chuva e choro

Vou ser lágrima quando o mundo for chuva

E porque ser

Se poderei não ser ?

O vento que fotografa o que merece esquecimento

Uma esquina de palavras esgotais

E mesmo assim neste fundo

Posso me refletir

Serei um vaso público

Ponto de partida e fim

De todos os odores nomináveis

Mesmo encanado me desmundo

Entupo, volto para a rua,

Sofro o mofo deste golfo imundo chamado cidade.

Mas ela e eu

Desconhecemos o que com lágrima

Dizem fazer espuma

Chuva e choro, irmãs.

Bane a superfície irrespirante

deste algoz dos tormentos implodíveis,

desmonte a favela das reminiscências.

Lava e leve o rosto anônimo desta dor,

que cai.

Que cai

cai

ai

!